quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

True Detective | Temporada 1

 

A temporada inicial de True Detective é bastante prometedora tendo em conta o elenco que reúne. Matthew McConaughey (Interstellar), um ator em alta demanda em Hollywood, é por si só um motivo para seguir a série criada por Nico Pizollato.

True Detective é construído em bases sólidas que inicialmente prometem não falhar. Matthew McConaughey é quase uma garantia de sucesso, tendo em conta as suas últimas performances em The Lincoln Lawyer, Interstellar, Magic Mike, Dallas Buyers Club, e o seu infame alright, alright, alright. Woody Harrelson (Now You See Me), outro dos protagonistas, acaba por ter um desempenho bem sólido.

Feitas as apresentações iniciais chegou a altura de conhecermos Rusty Cole, representado por Matthew McConaughey, uma das grandes estrelas desta primeira temporada, e dizemos isto de maneira convicta, com uma personagem enigmática, com um intelecto interessante, e uma abordagem filosófica a vários assuntos da vida. Diríamos mesmo que este detective seria o parceiro de viagem ideal para aquelas jornadas bem longas que tendencialmente caiem na monotonia. E neste campo não deve existir assunto sobre o qual Rusty Cole não tenha opinião. Por isso tenha calma porque a viagem será bem agradável. Esta sua inteligência e abordagem aos acontecimentos, o seu estranho comportamento, a sua perdição em complexos jogos da mente, e uma dificuldade notória em criar laços sociais saudáveis, a dependência da droga, são apenas, e dizemos isto de forma irónica, algumas das características que fazem desta personagem algo de fascinante. Mas True Detective é muito mais do que isto.

True Detective


True Detective começa a marcar a diferença logo de início. A maneira como somos introduzidos ao ambiente desta série da HBO, com uma cena em que se vê um cenário preenchido pela noite, envolta em grandes chamas, seguidos de vários flashbacks, fazem parte de um grande jogo de contrastes, que são explorados, de maneira impressionante e minuciosa ao longo do enredo desta série televisiva. Logo aqui ficamos com a ideia de que algo de especial está prestes a acontecer.

A maneira como toda a estória é contada, como cada pormenor é libertado, como todo o mistério é desvendado, até ao culminar desta antologia, mostra que cada capítulo foi pensado de uma maneira bem calculada, de modo a manter cada telespectador colado ao ecrã televisivo até ao desenlace final. E mesmo no meio de toda aquele ambiente denso fica aquela réstia de esperança, transmitida por Rusty Cole, de que tudo irá melhorar.

 Se Rusty Cole, é aquele detective enigmático e carismático, por seu lado Michelle Monaghan, representando Maggie Hart, é o balanço perfeito, num papel que vai ganhando cada vez maior dimensão, ao longo dos episódios, num enredo que assenta na química tremenda estabelecida entre Matthew McConaughey e o detective Marty Hart, representado por Woody Harrelson. Mas isto não faz com que o desempenho de Michelle Monaghan se traduza num simples enfeite. Muito pelo contrário. Existe uma razão lógica para a sua existência e Nico Pizzolatto faz questão de nos mostrar isso. Esta personagem é introduzida de uma maneira cautelosa e cirúrgica, protagonizando uma das viragens, no aspecto psicológico, mais impressionantes da série da HBO.

True Detective


Mas nem tudo é água de primeira linha embora seja difícil encontrar um defeito flagrante nesta série. Mas se ele existe pode residir nas várias storylines, com algumas excepções, que não são definitivamente um dos pontos fortes desta primeira temporada. O que torna esta série magnífica é mesmo o desempenho performativo das suas personagens. A sua estória, e a maneira como é contada, faz todo o sentido no meio da loucura que é True Detective. A maneira como o enredo é criado, ou se preferirmos re-criado, pelos detectives, expondo todo o seu delírio, e a sua tentativa de encobrir os verdadeiros acontecimentos, noutra das cenas mais emblemáticas da temporada, num tiroteio que não tão cedo não iremos esquecer, a linha muito fina que se estabelece entre o bem e o mal, entre o justo e a justiça, é o que nos mantém colados ao ecrã televisivo. E uma das coisas mais impressionantes é que nem precisamos falar de Alexandra Daddario, que protagonizou um dos momentos mais sensuais de True Detective, para tornar esta série televisiva relevante. E acreditem é um bom sinal.

True Detective


Em jeito de conclusão True Detective é sem margem para dúvidas uma série a incluir na tua lista de visionamentos. Personagens profundas, atribuladas, associadas a storylines completamente absurdas e loucas, dependendo do ponto de vista, é um dos pratos fortes servidos nesta série televisiva do canal HBO.

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